A CP pediu ao Ministério das Finanças e ao Ministério das Obras Públicas e Transportes para ser indemnizada pelos encargos de instalação de um novo sistema de telecomunicações nas suas locomotivas, uma necessidade provocada pelo facto de a Refer ter optado pela substituição em toda a rede ferroviária nacional do actual sistema "Rádio-Solo".
Em causa está um investimento de milhões de euros (cujo montante a transportadora não quis dizer ao PÚBLICO) que consiste em comprar e instalar em todas as locomotivas e automotoras equipamento com tecnologia GSM, idêntica à dos telemóveis, para que os maquinistas possam comunicar com as estações.
Actualmente esta comunicação é feita pelo Rádio-Solo, um sistema analógico que envia dados do comboio para balizas colocadas ao longo da via-férrea, seguindo por cabo para estações e centros de controlo. A Refer diz que esta tecnologia tem "sérias limitações na transmissão de dados" e no futuro poderá haver dificuldades em assegurar a sua manutenção.
Daí a opção para o GSM-R, mais fiável e mais rico em funcionalidades, sendo também uma tecnologia aberta e standard que pode ser utilizada por todos os operadores europeus. A principal razão, porém, é a sua obrigatoriedade pelas instâncias comunitárias, no âmbito da interoperabilidade entre as empresas de caminhos-de-ferro dos Estados- membros, tendo em conta a criação do mercado do transporte ferroviário europeu. A implementação deste projecto terá de cumprir normas técnicas válidas igualmente para as linhas convencionais e para as linhas de alta velocidade.
O seu custo em Portugal é também um segredo, segundo a Refer, que recusou igualmente prestar informações ao PÚBLICO. A implementação da nova tecnologia poderá ser faseada e podem também coexistir os dois sistemas (Rádio-Sol e GSM-R) durante algum tempo, mas a empresa terá de assegurar financiamento para tal num contexto de crise. A CP já assumiu dificuldades para suportar estes encargos.
Também o operador privado Takargo, cujas locomotivas, compradas há dois anos, têm instalado o Rádio-Solo, diz que a mudança terá de ser paga pela Refer, segundo disse ao PÚBLICO o seu administrador Pires da Fonseca.
Para a Fertagus, outra empresa privada que detém a concessão norte-sul, a questão não se coloca com tanta aquidade, uma vez que a sua frota pertence ao Estado, que deverá assegurar a mudança dos equipamentos, fazendo diluir os custos na renda que a empresa paga pela utilização dos comboios.
Carlos Cipriano in Publico
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