terça-feira, 18 de maio de 2010

CP deixa na gaveta estudo de 380 mil euros para melhorar os horários dos comboios

A CP tem vindo a adiar a aplicação de um estudo da empresa suíça SMA und Partner AG, destinado a melhorar a oferta ferroviária a nível nacional e que custou 380 mil euros.


Uma das primeiras medidas do primeiro governo de Sócrates foi parar as obras de modernização da Linha do Norte 


Este trabalho - designado Impulso e realizado em parceria com a Ferbritas (afiliada da CP) - foi adjudicado no início de 2009 e pretendia "uma reformulação geral da rede para melhorar as correspondências e ter uma perspectiva mais comercial, numa lógica de oferta geral do serviço e mais de acordo com a procura", segundo dizia o presidente da CP, Cardoso dos Reis, ao PÚBLICO em Agosto do ano passado.

Na prática, isso traduzia-se em menos transbordos e na optimização da relação directa Porto-Faro (que pode ser feita em menos tempo do que as actuais seis horas), na introdução de horários cadenciados (sempre aos mesmos minutos nas estações) e na fiabilidade da relação Tomar-Lisboa. Pretendia-se ainda melhorar o serviço suburbano na linha de Cintura, onde coexistem comboios da CP e da Fertagus.

O modelo do Impulso baseava-se nos caminhos-de-ferro suíços, onde existe um horário em rede com um mínimo de transbordos, acabando assim com inúmeras rupturas nas viagens da CP em que as pessoas têm de apanhar vários comboios para percursos relativamente curtos.

A empresa esperava introduzir estas alterações já em Dezembro do ano passado, mas adiou a nova oferta para Abril deste ano, acabando, contudo, por não a pôr em prática. O seu gabinete de comunicação não explicou as razões deste cancelamento ou adiamento, mas o PÚBLICO apurou que decorre uma auditoria interna para averiguar as condições em que este estudo foi adjudicado.

Não é, pois, de esperar grandes melhorias nos horários da CP nos próximos tempos, até porque, do lado da infra-estrutura, há poucos investimentos em curso que permitam reduzir os tempos de percurso. As excepções são as variantes da Trofa (que vão permitir o reforço da oferta entre o Porto e o Minho) e de Alcácer, que poupará alguns minutos na relação Lisboa-Algarve.

E entre Lisboa e o Porto? Uma das primeiras medidas do primeiro governo de Sócrates foi parar as obras de modernização da Linha do Norte, tendo em conta as decisões tomadas acerca do avanço do TGV Lisboa-Porto, entretanto adiado dois anos (de 2015 para 2017).

Uma terça parte deste corredor permanece, assim, com carris e travessas antigos, fazendo da viagem entre as duas cidades um autêntico rali, sobretudo para o Alfa Pendular e Intercidades, obrigados a adaptar a sua velocidade ao mau estado da linha.

O PÚBLICO também questionou a Refer sobre o reinício da modernização da Linha do Norte, mas não obteve resposta. Sabe-se, contudo, que alguns dos investimentos previstos estão a ser reanalisados à luz da nova realidade do Plano de Estabilidade e Crescimento.







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