sexta-feira, 2 de julho de 2010

3 crimes por semana nos comboios



Nos primeiros seis meses do ano ocorreram 97 roubos, furtos e agressões nas zonas mais críticas.
Só no primeiro semestre deste ano, a PSP registou 97 crimes nas linhas de comboio de Sintra e de Cascais, mais 35 do que em igual período do ano passado - uma média de três crimes por semana. Fora das estatísticas fica o caso mais grave do ano: dois homens esfaqueados anteontem à noite na estação de Oeiras quando tentavam socorrer um outro. E as cifras negras que nunca chegam ao conhecimento da polícia por medo.
Os dados revelados pela PSP ao DN referem-se aos transportes públicos que mais problemas têm dado à PSP a nível nacional. De acordo com o comissário Paulo Flor, só na Linha de Sintra registaram-se este ano nove roubos com faca, 29 furtos e 11 agressões. Foram detidos cinco suspeitos. "Houve um aumento, mas os crimes não têm grande expressão se pensarmos que esta é a linha mais populosa do País", refere.
O caso mais grave ocorre, no entanto, na Linha de Cascais, onde este ano ainda não havia roubos com faca. Segundo fonte policial, eram 19.00 quando dois cidadãos ucranianos de 30 e 37 anos tentaram socorrer um jovem africano, de 22, de uma agressão com uma garrafa. Acabaram esfaqueados, um na omoplata e outro no ombro, e ao início da noite de ontem permaneciam internados no Hospital S. Francisco Xavier. O caso envolveu 40 suspeitos, foram identificados dois que garantem não serem os autores.
Este foi o mesmo argumento do grupo de nove miúdos identificados ontem à tarde no Passeio Marítimo de Algés, que após ver barrado o acesso ao comboio por não ter bilhete, decidiu apedrejar o comboio. Horas depois, um outro grupo disparava o alarme do comboio da estação do Cais do Sodré, provocando o atraso na circulação. São aliás grupos de jovens que nas férias de Verão querem viajar sem bilhete que provocam grande parte dos distúrbios e geram um grande sentimento de insegurança.
"Sabemos que há assaltos diários na Linha de Sintra, a mais perigosa de todas, só que nem sempre as pessoas apresentam queixa, por vezes por medo", disse ao DN Luís Bravo, presidente do Sindicato da Revisão Comercial Itinerante. "No Verão temos uma média de três revisores agredidos por semana. Por exemplo, no último domingo um revisor foi agredido por um grupo no Cacém e na segunda-feira outro revisor foi agredido na estação de Braço de Prata", adiantou Luís Bravo.
Por mais policiamento nas linhas urbanas revisores, utentes e agentes do SPP (Sindicato dos Profissionais de Polícia) juntaram-se ontem num protesto que se realizou nas estações da CP do Rossio (linha de Sintra), de manhã, e do Cais do Sodré (linha de Cascais), à tarde.
? Passageiros por dia na Linha de Sintra, em 31 km de extensão
? Utentes por dia na Linha de Cascais, em 26 km de extensão

O Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP), o Sindicato da Revisão Comercial Itinerante e a Comissão de Utentes da Linha de Sintra estão hoje a distribuir em Lisboa, um manifesto sobre o "agravamento" da insegurança nas linhas ferroviárias urbanas.
Junto à Estação do Rossio, Lisboa, muitos cidadãos têm-se dirigido aos promotores da iniciativa "para contar a sua história de assaltos", relatou o dirigente da SPP/PSP, António Ramos.
Além da denúncia de aumento de agressões e roubos a passageiros, agentes da PSP e revisores, António Ramos referiu outro objectivo da iniciativa: voltar a alertar os responsáveis políticos.
Criticando a falta de meios, o sindicalista exemplificou com o caso do Comando Metropolitano de Lisboa, onde "há um défice de 2300 homens".
A mesma fonte informou que na unidade especial foi extinto um grupo de "90 homens" e os "restantes grupos também estão desfalcados".
"Também têm de ser distribuídos pelos vários sítios do país nesta altura da época balnear", afirmou.
António Ramos garantiu que hoje em dia "qualquer pessoa tem medo de estar dentro da própria residência e por isso o sentimento de insegurança é geral".  
O sindicalista defendeu ainda a criação de uma polícia única, à semelhança das existentes em outros países da União Europeia e dos Países de Língua Portuguesa (PALOPS).  
Para o dirigente, a GNR deve ser agregada à PSP para que existam "efectivos suficientes".
A nível de reforço policiais dos transportes, António Ramos referiu a situação de se "desviarem efectivos de uma área para outra".
"Mas depois tapa e destapa: tapa os pés, mas destapa a cabeça", criticou.
 Na linha de Cascais, dois jovens foram quarta feira, ao final do dia, esfaqueados, com gravidade, num comboio da linha de Cascais, durante um confronto entre dois grupos, disse à Lusa fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa.  
Já no sábado, a polícia tinha levou para a esquadra 15 jovens, dos quais três ficaram detidos, de um grupo de cerca de 40 que provocou desacatos num comboio também na linha Lisboa-Cascais, disse fonte policial.

in DN

1 comentário:

Luis disse...

É a imagem do país !! Bom fim de semana !!

Abraço

Luís Miguel