Por Carlos Cipriano
Os 74 novos comboios que a CP vai comprar para modernizar a frota poderão ficar mais baratos do que os 400 milhões previstos como preço de referência, dado que dois dos concorrentes (CAF e Alstom) têm preços inferiores.
A espanhola CAF apresenta propostas que somam 319,2 milhões de euros para as 49 unidades eléctricas e 25 automotoras a diesel, um valor que poderá subir para 379 milhões, se se optar pela adjudicação do material eléctrico à Alstom (239 milhões) e o diesel à CAF (139,5 milhões). Os outros concorrentes, Bombardier e Siemens, propõem preços que totalizam 466,7 milhões e 436,4 milhões de euros.
As propostas foram abertas em Novembro e estão a ser analisadas, devendo seguir-se, até Abril, uma fase de negociações entre os três melhores concorrentes.
Uma fonte oficial da CAF disse ao PÚBLICO que os preços baixos foram uma estratégia assumida para "surpreender a CP" e representam uma aposta daquela empresa basca em regressar ao mercado português. Na década de noventa, a CAF já tinha participado com a Alstom na produção dos comboios de dois pisos que circulam na Azambuja (CP) e na Ponte 25 de Abril (Fertagus). O grosso do fabrico foi feito em Beasain (País Basco) e a montagem das composições na antiga Sorefame, na Amadora. O comboio agora apresentado é idêntico ao dos suburbanos de Madrid.
Neste concurso, a CP espera afectar as 49 composições eléctricas ao serviço suburbano (36 das quais na Linha de Cascais) e as 25 automotoras a diesel para as linhas regionais. Até lá, e porque a transportadora se debate com falta de material circulante em bom estado, pondera alugar a Espanha comboios para o serviço regional.
Em contrapartida, Portugal tem vindo a exportar material usado para a Argentina, tendo a CP negociado a reabilitação de automotoras, locomotivas e carruagens em Portugal, a cargo da sua empresa de manutenção EMEF. Esta operação contribuiu para a transportadora se desfazer de material excedentário, mas ficou com um reduzido parque de carruagens para corresponder a picos de procura ou à realização de comboios charter. Ficou ainda sem locomotivas diesel da série 1900 em número suficiente para substituir as que se têm avariado.
A indústria ferroviária tem dado mostras de algum dinamismo nos últimos dias, com a adjudicação dos caminhos-de-ferro russos à Siemens de 54 comboios regionais para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, um negócio de 580 milhões de euros que prevê o fornecimento de 38 unidades Desiro construídas na Alemanha, a que se seguirão outras 16 fabricadas na Rússia. O Desiro é também o comboio que a multinacional alemã apresentou ao concurso da CP. Na Rússia, cada unidade custou 7,59 milhões de euros e para o concurso português as propostas rondaram os 5,9 milhões.
Por seu turno, a Alstom anunciou que recebeu uma encomenda de 130 milhões de euros para fornecer 19 comboios regionais à SNCF, numa operação que será financiada pelas regiões francesas.
in-Publico economia
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